sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sala de Estar

Qual é o problema com a sala de estar?
Não é bom estar nessa companhia?
Seria mais fácil se em seu copo houvesse vinho?

Ou se no meu não houvesse mais nada?


A interrogação é tão intrigante

Ela não só questiona, como exige
Então eu exijo
Uma reação



Temos uma gravata, uma aliança

E um par de sapatos

Largados para sempre nos quartos dos fundos


É um pouco tarde para dizer que já é tarde

E que tem que ir embora

Não é seguro andar sozinho por aí

Já era tarde quando chegou

Então nem deveria ter vindo

Esse silêncio é irritante

E logo será manhanzinha
Não peça isso em nome de Jesus
E esqueça os mortos e doentes da sua cabeça


Já falei demais

Mas ainda o silêncio me corta como navalha

Não ouço nem ao menos minha própria voz

Está tudo desfocado
E eu não me importo com a verdade

Mas o corte ainda sangra
Oh! Por Deus, não precisa me curar

Eu quero sentir essa dor


O amor é um redemoinho
E você se perdeu

Então eu lhe indico o caminho
Vá direto para a porta da sala

E ande pela rua

Esquecendo que um dia me conheceu

Não se atreva a dizer adeus

Eu sempre odiei despedidas

Não somos amantes, nem irmãos

Então para o inferno com a sinceridade


Isso em seu rosto é uma lágrima?

Dizem que os homens não choram
Então deixe a dor pra mim

E a dignidade fica com o reflexo no vidro do meu carro

A você

Resta a solidão de uma rua deserta da madrugada

Está na hora... vá...

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