quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Imperceptível

As décadas passam por mim como furacões
E então eu entendo que não vivi nem ao menos duas delas
Essa é a segunda de toda uma vida
Estou lutando para ainda estar viva

Eu sei que você ainda sente
A leve chama que arde imperceptível
Ao toque tão humano
Mas que lateja no toque do seu coração
E você sabe o quanto eu sinto sua dor
Temos sempre os mesmos pesadelos
A mesma a lágrima
Seria o apelo triste que ecoa em silêncio
Das sombras que nos perseguem

Sim... amargo sussurro...
Das vozes que nos amendrontavam na infância
O chamado no fim do corredor
Eu nunca obedeci tal chamado
Mas dessa vez estou tentada a me deixar levar
Por essa névoa fria que congelou sua alma
O eco do silêncio é mais insuportável
Do que qualquer nível que possua som
Não me importo de ferir meus ouvidos
A partir do momento que já me sangra o coração

Não me importo mais com nada
A dor se tornou uma vitória
É quase um milagre que a sinta
Pensei estar congelada como você
Mas esta névoa injusta só dá morte aos inocentes
Minha chance permanece na voz
No sussurro ansioso no corredor
Estou caminhando sobre os seus pedaços
Na esperança de reconstruir os meus

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