domingo, 31 de janeiro de 2010

Dissipar

Sempre me perguntei
Por que você faz isso comigo
Bate em minha porta na primavera
Entra com o vento quente pelas janelas
Atormenta minha alma fria
E me descongela outra vez
Diz coisas que eu não quero ouvir
Confunde todas as minhas certezas
E estremece o alicerce
Que eu demorei alguns anos para construir
E me faz perguntas
Para as quais eu realmente não tenho respostas
Não nesse momento

E como eu posso puxar a cortina
E deixar a luz entrar
Se ela vai dissipar sua sombra
Que é a única coisa
Que me restou de você?

E eu sei que você vai ficar durante todo o verão
Até que minha alma não apresente mais
O menor sinal da inflexibilidade
Mas é triste lembrar
Que junto com o inverno
Sua presença vai desaparecer outra vez
E vou ter que aprender a cada dia
Como não me espalhar pelo chão em pedaços
Implorando para que o reflexo no espelho
Tome forma
Ao em vez dessas ilusões sem sentido
E o vento cortante entra em minhas veias
Construindo vagarosamente
O mesmo alicerce que você destruiu
E eu me martirizo por cada latejar
Enquanto me esqueço
De como é ter você aqui

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