quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Velhas Folhas

Eu entrei no antigo lugar
Pisei nas velhas folhas
Onde costumávamos viver um conto de fadas
Olhei para o alto
Passei pelo saguão
Imaginando como era tudo

Eu não deveria estar aqui
Não é o mesmo lugar
Eu realmente não deveria estar aqui

Então me perdoe, meu amor
Se eu não sigo mais a sua sombra
Me perdoe, amor
Por ter deixado isso acabar
Me perdoe, amor
Por ter deixado de te amar

Eu encontrei tudo escuro
Em preto e branco
Onde foi parar a nossa cor?
Onde estão os sorrisos?
Onde está a vida?
Não resta nada aqui

Vim apenas para constar
Que realmente nosso amor estava abandonado
Como uma casa velha
Esquecida pelos donos ocupados demais
Com a própria vida

Então me perdoe, meu amor
Se eu desisti de um caso perdido
Me perdoe, amor
Se eu não consigo amar por nós dois
Me perdoe, amor
Se isso já estava por um fio

Eu queimei a última carta
Apaguei a última luz esquecida
Tranquei as portas do fundo
E joguei a chave fora
Te encontrei na esquina seguinte
Você disse "olá, amor
Eu ainda amo você
Por que trancou todas as portas?"

Eu mal poderia responder
Apenas passei por você
Sem olhar para trás

Então me perdoe, meu amor
Se não posso te dar uma segunda chance
Me perdoe, amor
Se cansei de esperar
Me perdoe, amor
Por não ser forte o bastante

O vento soprou
Passou pela casa
Ultrapassou as frestas das janelas
Varreu todo o saguão
Mal fez diferença no descolorido
Arrastou as velhas folhas
Algumas se libertaram por deibaixo das portas da frente
E eu senti
O exato momento
Em que elas passaram por você
Parei de me afastar por um momento
E a última delas passou pelo meu ombro
Como um último pedido
Eu disse apenas "não"
E ela caiu ao chão

Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo poema! Lindo demais, profundo, tocante - como tudo que voce escreve!