quarta-feira, 21 de abril de 2010

Medo

Eu procuro alguém que possa me informar o caminho
Pois ando perdida nessas ruas sem fim
Eternas em suas esquinas escuras
Sem o menor sinal de vida ou luz
Então como posso continuar quando estou com medo?
Medo de ser mais um ser intenso demais naquilo que pensa
A ponto de ser considerado louco e então subjulgado
E enfim lançado em outra dimensão
Na dimensão dos não compreendidos
Na dimensão dos que pensaram demais
Mas como posso considerar a idéia de um dia ter encontrado a verdade
Se quando olho pra mim mesma tenho a certeza de que nada sei?
Então sou eu mais um reflexo de uma mentira perdida
A pecadora não apedrejada por não confessar
Mas que apedreja a si mesma por saber que errou?
É este o motivo pelo qual cambaleio entre o sim e o não
Entre o sensato e o completamente insano
Entre a dor e o êxtase
Entre ser ou não ser?
Julgo meus passos por não serem corretos
Julgo minha alma por não seguir o caminho certo
Julgo meu coração pela sordidez doentia
Julgo minha mente por não ter mais fé
Julgo minha esperança por me abandonar
E acabo por te julgar
Por não poder me ajudar...

... das lágrimas, qual o real motivo
De eu não saber qual o caminho e me sentir perturbada a ponto de confiar
Na palavra de qualquer desconhecido que prometa ter uma verdade
E se eu sempre acreditei ter a verdade comigo
Por que agora ela não faz o menor sentido?
E por que eu tenho que sentir a sua falta quando só faz uma semana que não o vejo
E por que o que antes me fazia delirar hoje não tem mais efeito?
Preciso eu do nunca descoberto para encontrar a felicidade?
Digo pois que descobri o mundo de várias formas
E de todas elas não colhi uma gota desse sorriso
E quando eu acreditava ter atingido a àpice
Me roubaram os sonhos e eu caí por terra
Sacrificando tudo pelo que havia lutado

Sinto nessa doentia forma de tremer
Que já não me resta tanta sanidade
Tenho eu apenas o ódio pela minha voz
E um pouco de sangue...

... sangue...
O único capaz de selar um verdadeiro pacto
O único que pode salvar almas
O único que revela o espírito
O único sagrado concreto que nos pertence
E o único que ainda possui alguma cor para mim...

Não posso declarar meias palavras
Nem rir um pouco dessa melancolia sutil
Posso apenas afirmar que escolha não significa nada
Por que para mim, não há escolha
Tenho trilhada uma só retidão
E dela, a dor não se afasta

... temo, pois, que isso seja apenas mais uma de minhas sandices...

Um comentário:

Ricardo disse...

Gostei!

Especialmente desta parte:

"Então sou eu mais um reflexo de uma mentira perdida
A pecadora não apedrejada por não confessar
Mas que apedreja a si mesma por saber que errou?
É este o motivo pelo qual cambaleio entre o sim e o não
Entre o sensato e o completamente insano
Entre a dor e o êxtase
Entre ser ou não ser?
Julgo meus passos por não serem corretos
Julgo minha alma por não seguir o caminho certo
Julgo meu coração pela sordidez doentia
Julgo minha mente por não ter mais fé
Julgo minha esperança por me abandonar
E acabo por te julgar
Por não poder me ajudar..."