domingo, 31 de julho de 2011

Um pedaço de Eclipse/Saga Crepúsculo

"A pequena parte de meu cérebro que manteve a sanidade gritava perguntas para mim.

Por que eu nao estava impedindo aquilo? Pior ainda, por que eu nao conseguia encontrar em mim o desejo de parar? Significava que eu nao queria que ele parasse? Que minhas mãos se agarraram aos ombros dele e gostaram que fossem largos e fortes? Que as mãos dele me puxassem apertado demais em seu corpo, e no entanto nao fosse apertado o bastante para mim?

As perguntas eram idiotas porque eu sabia a resposta: eu estava mentindo para mim mesma.

Jacob tinha razão. Teve razão o tempo todo. Ele era mais do que apenas meu amigo. Por isso era tão impossível me despedir dele - por que eu estava apaixonada por ele. Também. Eu o amava, muito mais do que devia, e no entanto ainda não era o bastante. Eu estava apaixonada por ele, mas não era suficiente para mudar nada; era só o bastante para magoar nós dois. Para magoá-lo ainda mais do que eu já fizera.

Eu não podia me importar mais do que... do que com sua dor. Eu merecia mesmo qualquer dor que ele me provocasse. Tive esperanças de que fosse ruim. Esperava de fato sofrer.

Nesse momento, senti como se fossemos a mesma pessoa. A dor dele sempre foi e sempre seria a minha dor - agora a alegria dele era a minha alegria. Eu também me senti legre, e ainda assim a felicidade dele, de certo modo, também era dor. Quase tangível - ardia contra minha pele como àcido, uma tortura lenta.

[...]

E então, com clareza, senti a fissura em meu coração se estilhaçar com a menor parte que se separava do todo."

(Eclipse/Saga Twilight - Capítulo 23: Monstro)

sábado, 30 de julho de 2011

Espada

"Nunca havia estado tão dividida. Foi então que me dei conta do por que. Eu havia me jogado de verdade em cima da espada dessa vez, me ferido intensamente e me dividido em duas permanentemente. Em algum momento, teria de sacrificar um de meus lados através da escolha, mas se continuasse mantendo viva a duplicidade, a vida de ambas se esvairia."

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Descalça

"Sei que a morte não calçará meus pés, nem o tempo marcará os traços finos deste rosto meu, muito menos enfraquecerá esse amor que só é teu."

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Morena

Morena
Morena, Morena
O cabelo
Castanho, desliza
Esbanja-se

Olhos
Castanhos, profundos
Inquirem-me
Deleitam-me

Deita.
Deita, deita.
No meu colo
Oh, morena
Que é isto que tens, atrai-me
Que me busca, suga-me

Desmonta meu coração, descobre meus desejos
Decifra-me, abaixa minha guarda
Esparrama-se, gostosa, deliciosa
Por cima de mim

Descansa.
Dorme morena.
Pois eu estou aqui
Amando.
Sonhando contigo, tocando tua pele
Macia, a boca, úmida
Arrepia-me

Quando me toca com as pontas dos teus dedos
Minha nuca
Ah, que bom
Se se espreguiça
Meus olhos brilham
Na tua inocência
Sabe a beleza, e os desejos que desperta
Morena
Bem sabe

E este tolo
É todo você
Porque quando estás, estou
E quando diz que me ama
Sou todo coração para ouvir
E todo ouvidos para amar

Perdoa-me
Se sôo repetitivo
Charlatão, conquistador barato

Mas é que exploraram tanto esse escravo
Esse escravo, que se fingindo de escravo
É na verdade senhor
Desafiando qualquer conjectura humana
Para quebrar a lógica

Para fazer florescer a graça
Brincando conosco, esconde-se
Aparece

Mexe comigo, de você tira casca
E eu que achei que apanharia dele
E não é que se curvou, mostrou
Mostrou que gostava de mim, afinal
Que só brincou, para dar o gosto doce
De tudo que é árduo

E ele, o explorado
Estava conosco
Onde sentávamos, estava ele ali
Rindo, deliciando-se
Das carícias, das confissões deleitosas
Por que o estávamos fazendo
Produzindo, nascendo ali
No verbo conjugado
Amando.

terça-feira, 19 de julho de 2011

"Eu não quero mais estar casada"

"Eu não quero mais estar casada. Não quero morar nesta casa grande. Não quero ter um filho. [...]

Basta dizer que, naquela noite, ele ainda era, em igual medida, meu farol e minha ave de mau agouro. A única coisa mais inconcebível do que ir embora era ficar; a única coisa mais impossível do que ficar era ir embora. Eu não queria destruir nada nem ninguém."



(Comer, Rezar, Amar - Elizabeth Gilbert)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Intangível

Eu não sei dizer o que sinto quando sei que poderia estar
Mas prefere não estar
Nesse nosso mundo particular
Onde o universo nao sente
Somos solidão, amor não mais
Talvez sejamos mais que sentimento
Reais, tangíveis
Mas o que sentimos não se toca
Nem se define
Nem se quantifica
Então como posso acreditar?

Eu apenas posso afirmar
Que amei o que podia tocar
Mas por que chorei quando não toquei?
Havia algo de real no intangível
A dor do distante
Então existe força no que é invisível aos olhos
Mas dolorido ao coração
Isso é real

terça-feira, 5 de julho de 2011

...

Mais um dia seco.
Áspero.
O aspecto modifica-se.
Sim, estamos mudando.
Viajando através das estações da vida.

Uma infância estúpida... ou seria feliz?
Nada demais. Talvez alguns traumas.
Nada fora do comum... ou não.

Adolescência. Em teoria, seria nossa primavera?
Se era para ser, não foi.
Pensando melhor
Algumas alegrias, muito tempo jogado fora.
Algumas tristezas, desapontamentos.
Solidão em alguns momentos.
Companhia e aconchego em outros.

Um brilho nos olhos
Semelhante ao reflexo da luz nas calmas águas de um lago.
Vontade de mudar, de fazer.
É a vida que existe nas cores, nas frutas, nos animais. Em tudo.
Explosão de movimento e sentimentos.
Vontades e limitações.

Desperta a necessidade do amor, seja lá o que for.
Surge então, o outono.
Aquilo que me fazia brilhar, a vida primaveril.
Não existe mais, talvez adormecida para uma outra época.

Agora, no desespero, tento reunir as pétalas decaídas no meu outono.
Junto-as. Tento colá-las.
Ora... só as machuco. Tiro a forma que lhes resta.
Seu perfume se perde entre meus dedos e logo se esvai.

A cor opaca e a sensação fúnebre do outono me dominam.
Um quase que não querer viver. Quase que prevendo a eterna monotonia das estações.
Muito embora, elas mesmas estejam cheias das peculiaridades.

O ápice da estagnação chega com o inverno.
É assim que as pessoas estão.
Embora seus anseios, o mundo a sua volta esteja se transformando, elas vivem dentro de si o eterno inverno.
A solidão de suas vidas vazias as consomem.
Falta de objetivos, a amarga iluminação de que nada vale a pena...

Vivendo, vivendo.

Os sonhos surgem eventualmente numa manhã. Quando a neve brilha.
Como uma folha de papel em branco.
Esperando para ser preenchida pelas idas e vindas desta magnífica força que chamamos espírito, folego da vida.

Sim, pois, na verdade, embora nossas vidas pareçam tão sem sentido.
Inúteis, mera exalação diante da eternidade.
Um pedestre que passa rapidamente pela rua.
Um olhar solitário vagueando pela rua.
Quase que imperceptível.
Visto apenas pelos olhares mais atentos.

A humanidade então, na sua busca desenfreada pelo sentido. Movida, não pela esperança que as estações eventualmente oferecem, mas pelo folego da vida.
Que a motiva a caminhar neste mundo sórdido e cruel, onde nos prendemos numa jaula de carne e olhos. Cheio de mentiras, das quais também tomamos parte.

Seria mais fácil se deixar levar pelo mundo que existe em sua cabeça.
Um universo único, pouco estável, é verdade, singular para cada alma vivente.
Mas espere, eis que vejo algo que como um pássaro.
Ele está cansado.
Suas penas estão cobertas por uma fina camada de neve.
Com o raio do sol, aquele pássaro
Adormecido pela frieza do inverno das multidões
Chacoalha-se, livra-se do peso que a neve lhe causa.

Tem em vista então um luminoso dia
E quer se proteger
Seu ninho está vazio, e parece não representar mais proteção
Ele voa para lugares mais quentes.

No entanto, algo parece ficar neste ambiente gélido e mórbido.
Uma pequena esperança, de que o pássaro retorne.
Trazendo o calor de um abraço sincero.
Derretendo o gelo com lágrimas de compreensão.
Inundando de vida o inverno sertão.

A vista é turva.
Uma árvore solitária, com seus galhos secos
Contrasta com a neve
Diz adeus ao sol que se põe, e namora com os olhos o movimento suave do pássaro agora distante
Esperando ansiosamente o retorno deste seu companheiro.
Esperança.