segunda-feira, 1 de março de 2010

Eco no Abismo

Eu tenho um pouco de sangue restando
De todas as possíveis mortes que sofri
Minha respiração não conta mais
Porque não posso dizer que estou viva
Eu sei que hoje está frio
E que o céu nublado ainda anuncia chuva
Mas eu nunca tive medo dos raios
Na verdade, tenho medo do sol
Medo do que a luz revela
Pois nunca estive preparada para revelações

É tão fácil conversar com você
Como se um sábado pudesse durar para sempre
Deus fez o mundo em sete dias
E eu te perdi em três anos
O que me faz pensar que posso recuperar o eco no abismo?

Dos vestígios de vida, alguns pedaços do meu coração
Que eu tirei das suas mãos para colocar em superfícies desconhecidas
No desespero de esquecer que a vida não é um rascunho
Uma tentativa que pode ser refeita

Eu deveria te odiar
Pois minha alma doentia sempre culpa outros, nunca a mim
Mas como posso odiar o ser mais doce que já conheci?
Meu bem, ainda sou um passo solitário no fundo da sua mente
Ou a ferida eterna em seu coração?
E eu me odiaria se você me amasse
E me odiaria mais se não amasse
Então eu entendo
Porque nunca encontro respostas para minhas perguntas

Me perguntaram pelo que valia a pena viver
Eu ri, pois nunca tive um motivo concreto
Além de você
Pensei comigo mesma "se ainda pelo menos eu tivesse vida"
Mas rastejar pelo universo à procura do sono eterno
Não é viver
Uma covarde estranha que não pode consigo mesma
Roubando um anjo do céu por mera vaidade

Um comentário:

Mariposa disse...

nossa, forte, intenso, profundo
adoreiii a escrita
beijooos