sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Limitação

Eu tenho que acreditar no inimaginável, no impossível, no surreal. O racionalismo ao pé da letra não me faz feliz o bastante. Olhe-se no espelho... nem você mesmo é pura razão. Só de fechar os olhos e respirar fundo, eu sei... o intangível existe pra quem sabe viver.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Suspeita Sutil

Das determinações cegas
Vago pelo ermo esquecido
Tocando incertezas febris
E encarando realidades hostis
Ao mesmo tempo que me isolo de um mundo anterior
Vislumbro ao longe suas imagens distorcidas
Atitudes mal entendidas
Coisas que nunca compreenderei

Sei que teus olhos tristes
Perderiam um dia o brilho de vez
Golpeei três vezes
A ponto de me esquecer
Fico de joelho diante dos cacos do fracasso
A vilã perfeita, seu eterno laço

Fui vilã de uma história
E continuarei sendo para sempre
E como fim merecido
Acabo-me em castigo
Aceito minhas chagas como mártir
Visto as cicatrizes, exponho a dor momentanea
Mas não renego nada
Assumo que a vontade foi minha

Fecho meus olhos como uma suspeita sutil
Esquecida entre os arquivos
Passada despercebida pela revista inicial
Assim, jamais saberão da tormenta íntima
Que escandalizo em meus pesadelos
Da perda arrependida

Continuo a vagar, e já não me importo
Que a sede aperte cada segundo a mais
Esvaie-se a vida, vai-te com a dor
Que me auto provoco
Sua masoquista preferida
A vítima perfeita
E do sofrimento renasce a vilã
Fenix maldita que vem das cinzas
Cobre minh'alma de escuridão
Para que eu supere sua luz refletida
Por toda uma vida de solidão

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Beijo de Judas

Eu me dignifico a conter-me nessa auto análise, pois não existe argumento plausível, motivo considerável ou desculpa arranjada que explique a fé na sinceridade. Para mim, ela é deus extinto, força esquecida, talvez uma fábula. Isso não significa diretamente que eu me ponha a mentir a cada instante dessa vida, mas que quanto mais tento ser o que acredito ser, mais esbarro com a falácia.

Nas vozes mais meigas, saboreio o veneno... nos toques mais suaves, me arranham os espinhos... nas atitudes mais amigáveis, sinto golpes... nos rostos mais simpáticos, distingo máscaras sutis. A leve marca nas extremidades do rosto que separa tua verdadeira face daquela que aparenta é amplamente invisível a quem ainda tem esperança. O implacável sabor adocicado da mentira desata as mais harmônicas relações sociais. As aparências enganam... e como são eficazes nisso. Acredito que isso ocorra porque as pessoas desejam se deixar enganar.

O Interesse, companheiro fiel da Falsidade, baila entre os objetivos mais inimagináveis. A sociedade se desfaz e se refaz introduzindo em seu meio a política de que o amor existe. Às vezes me pego pensando que este é outro deus extinto... outro joelho caído por terra diante das forças tenebrosas do Beijo de Judas.

Beijo... doce expressão de afeto que tem dado vida as mais aparentes relações do extinto amor. Tomou Judas este ato e denegriu o uso do beijo quando encostou seus lábios deturpados em face santa com o intuito de apontar para a morte sua mais digna vitima. Podemos estabelecer deste antigo ocorrido o início de uma geração de Judas, que se beijam e se abraçam, fazem declarações de afeto, e em seu coração guardam os mais repugnantes pensamentos. Destes, afasto-me... e tenho-me tornado o resquício de dores e uma solitária nada preterida.

Não sou imaculada, pois herdei fragmentos da genética traidora. Inclinações são correntes intensas, mas lutar contra elas nunca é em vão. Garanto que entre afagos quentes e mentirosos e o inverno da verdade... prefiro indiscutivelmente morrer de frio.